quinta-feira, 16 de junho de 2011

A Invasão do Tarumã e o Século XXI.


Posted in Cidades
Lembro da ca­choeira do Tarumã, com suas águas ge­ladas e velozes onde cos­tu­mava mer­gulhar am­parado pelos braços vig­i­lantes e firmes de meus pais. A cor­renteza era forte e a água abun­dante, mas deixaram poluir, e o que era lazer e ale­gria, virou fe­dentina e tris­teza. Até hoje não con­sigo passar por ali sem me lem­brar daqueles tempos de menino em que tudo era difer­ente.


A degradação do centro da ci­dade e de seu patrimônio histórico, dos nossos igarapés e bal­neários, assim como a de­scon­strução da nossa iden­ti­dade em geral, são faces da mesma moeda. Têm origem na le­targia com a qual as­sis­timos nos úl­timos quarenta anos a mais ab­so­luta ausência de políticas para o es­porte, para a habitação e para o meio am­bi­ente, entre outras. Pre­cisamos mod­i­ficar isso agora.

Os anos 70 e 80, já se foram, cheg­amos ao século XXI, e ainda nos resta parte do Tarumã, esse re­fúgio de área verde do lado oeste de Manaus; seu igarapé de­spoluído difere da gen­er­al­i­dade dos mais de duzentos cor­rentes na área ur­bana dessa ci­dade re­sistente que é nossa cap­ital. Quiçá da dem­a­gogia não se origine a omissão, ou as más ações, afinal, todos es­per­amos não ver surgir - ou res­surgir - nenhum ser ilu­mi­nado para “re­solver o prob­lema desse povo sofrido e car­ente” e doe ter­reno e madeira, com din­heiro público, diga-se de pas­sagem, “para que os que não têm onde morar, possam con­struir sua moradia”. O prob­lema da moradia para as pes­soas de baixa renda não se re­solve dem­a­gogia, nem com in­vasões, mas com política habita­cional.

O fi­nan­cia­mento das con­struções con­stitui-se em dos ex­emplo disso. Ex­istem outros. É pre­ciso re­speitar o plano di­retor da ci­dade. O in­verso nós já vimos como é: bairros sem in­fraestru­tura, creches, escolas, posto de saúde, etc. O re­sul­tado idem, au­mento da vi­o­lência e da crim­i­nal­i­dade em geral. O ocor­rido com centro da ci­dade é su­fi­ciente para nos ensinar: não dá mais pra aceitar a leniência com o crime como parte de uma política do deixar fazer. É pre­ciso romper com a lógica do cada um por si, onde todos podem tudo. Manaus tem prob­lemas sérios em muitas áreas que pre­cisam ser en­frentados. O sanea­mento básico, a habitação e a preser­vação do restante de sua cober­tura verde estão entre suas pri­or­i­dades, e não vai ser afrontando o es­tado de di­reito e a ra­zoa­bil­i­dade que esses prob­lemas serão re­solvidos.

Apesar de tudo, es­tamos avançando.A de­cisão de re­ti­rada dos in­va­sores da área do Tarumã e a efe­tiva at­u­ação dos órgãos am­bi­en­tais, in­clu­sive pre­ven­tiva, parecem si­nais de um novo mo­mento. (Luís Cláudio Chaves/Ar­ti­c­ulista)

Fonte: blogdafloresta

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