sábado, 8 de fevereiro de 2014

PROTESTO E PEDIDOS DE JUSTIÇA MARCAM ENTERROS DE MORTOS NO SUL DO AM



Enterros foram em Manaus, Humaitá e Apuí; buscas duraram 50 dias.
Famílias afirmaram estar unidas para pedir indenizações na justiça.
Marina Souza, Camila Henriques e Eliena Monteiro Do G1 AM
Os corpos dos três homens encontrados em uma cova na Terra Indígena Tenharim-Marmelo, situada no Sul do Amazonas, foram enterrados na manhã desta quinta-feira (6) em três cidades do estado. Os sepultamentos foram marcados por protesto e pedidos de justiça. O trio estava desaparecido há quase dois meses.

Minha luta não parou. “Vou usar o nome dele enquanto tiver forças para lutar” Célia Leal, viúva de vítima

Os corpos foram encontrados no dia 3 de fevereiro por um cão farejador. Cinco indígenas da etnia Tenharim estão presos em Porto Velho suspeitos dos assassinatos. O crime pode ter sido uma retaliação dos índios pela morte do cacique Ivan Tenharim, encontrado morto na BR-230 (Rodovia Transamazônica) no início de dezembro.

O corpo do representante comercial Luciano Freire começou a ser velado na casa da irmã em Porto Velho (RO), na tarde de quarta-feira (5). Depois o corpo seguiu para o município de Humaitá, onde foi enterrado nesta quinta-feira (6). Cerca de 100 pessoas acompanharam o sepultamento.
Já em Apuí, o enterro do professor Stef Pinheiro de Souza reuniu aproximadamente 700 amigos e familiares no cemitério localizado no bairro São Sebastião. Revoltados, os presentes fizeram um protesto pedindo justiça pelas três mortes. Eles pediram ainda o fim do pedágio na BR-320, cobrado pelos indígenas.

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Na capital, foi sepultado o funcionário da Eletrobras Amazonas Energia, Aldeney Salvador, no Cemitério Parque Tarumã, Zona Oeste de Manaus. Ao G1, a viúva da vítima, Célia Leal, 42, pediu paz em Humaitá. "Sempre suspeitei que ele estava morto. Agora só peço que não tenha represália com os filhos de Humaitá. O povo não quer ser visto como vândalo, só buscava uma ação das autoridades para que os corpos fossem encontrados. Minha luta não parou. Vou usar o nome dele enquanto tiver forças para lutar", declarou.

Segundo a viúva de Aldeney, as três famílias estão unidas e devem pedir indenização na justiça. "Vamos esperar passar o luto, mas estivemos unidos nestes 50 dias de batalha e vamos continuar. Chegamos a ir na aldeia pedir justiça e podemos até ir lá mais vezes. Vamos verificar o que pode ser feito judicialmente", explicou.
Presente no velório, o presidente da comissão de crise do Distrito de Santo Antônio do Matupi, Samuel Martins, afirmou que agirá para acabar com o pedágio na Transamazônica. "Desde o início estamos lutando para uma solução nessa área. Estamos satisfeitos com o trabalho da Polícia Federal, mas a situação de paz com os índios é condicional. Não queremos mais pedágio, é um risco", disse.

O medo de trabalhar na região também ficou mais intenso com os conflitos, segundo a colega de trabalho de Aldeney, Ana Paula Melo, de 26 anos. "Os suspeitos foram audaciosos. Se o pessoal da Eletrobras, já tinha medo de ir para o interior, esse receio triplicou", afirmou. O diretor de geração e distribuição no interior, Radyr Oliveira, afirmou os treinamentos para lidar com situações do tipo serão intensificados na Eletrobras.

Fonte: g1.globo.com/am/amazonas

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